top of page
Foto do escritorMaria Rosas

A ascensão do feminicídio no Brasil


Deputada Maria Rosas em Sessão

No dia nove (9) de março, a Lei do Feminicídio (Lei nº 13.104/15), que consiste no assassinato de mulheres por serem mulheres, fez nove anos que foi sancionada (9 de março de 2015). A lei considera feminicídio quando o assassinato envolve violência doméstica e familiar, menosprezo ou discriminação à condição de mulher da vítima.


Como 1ª procuradora adjunta da mulher na Câmara dos Deputados, no mês que também celebra o dia internacional da mulher, venho ressaltar o aumento do registro deste crime no ano de 2023.


O feminicídio, o assassinato de mulheres por ser mulher, tornou-se um fenômeno perturbador e generalizado no Brasil. Apesar dos esforços para combater a violência contra a mulher, o número de feminicídios no país continua a aumentar. No ano de 2023, 1.463 mulheres foram vítimas de feminicídio no Brasil, taxa de 1,4 mulheres mortas para cada grupo de 100 mil, crescimento de 1,6% comparado ao mesmo período do ano anterior, e o maior número já registrado desde a tipificação da lei. Ao menos 10.655 mulheres foram vítimas de feminicídio entre 2015 e 2023. Esses dados foram divulgados no último dia sete (7) de março, véspera do dia internacional da mulher, pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).


Esta é uma tendência preocupante que tem antecedentes históricos no Brasil. São vários os fatores que contribuem para o aumento do feminicídio no Brasil. Uma das mais significativas são as atitudes culturais em relação às mulheres. O Brasil tem uma cultura de machismo profundamente arraigada, que muitas vezes leva à objetificação e desumanização das mulheres. Além disso, há proteção e supervisão jurídica inadequadas no Brasil, o que significa que muitos casos de violência ficam impunes.


Os impactos e consequências do feminicídio no Brasil são abrangentes e devastadores. Em primeiro lugar, existem os efeitos psicológicos e emocionais nas famílias e comunidades das vítimas. Em segundo lugar, existem consequências negativas para a participação das mulheres na sociedade e no mercado de trabalho. Muitas mulheres têm medo de sair de casa ou de seguir carreira por medo de se tornarem vítimas de violência, e falo de todos os tipos de violência (moral, psicológica, sexual, física e patrimonial). Isto limita as suas oportunidades e contribui para a desigualdade entre homens e mulheres.


Em 73% dos casos, o autor da violência é um parceiro ou ex-parceiro íntimo da vítima. 10,7% das vítimas foram assassinadas por familiares, enquanto 8% dos casos foram perpetrados por outros conhecidos. Desconhecidos, correspondem a apenas 8,3% dos autores em casos, indicando que a maioria dos casos identificados pelas autoridades policiais são os feminicídios íntimos (Fonte: FBSP).


A educação também desempenha um papel crucial na mudança desse cenário. É necessário que as escolas promovam uma educação inclusiva, que desconstrua estereótipos e que capacite os alunos a se tornarem agentes de transformação em relação às questões de igualdade e respeito.Concluindo, o aumento do feminicídio no Brasil é uma questão complexa e multifacetada. Os impactos e consequências do feminicídio são abrangentes e devastadores, afetando não só as vítimas e as suas famílias, mas também a sociedade como um todo.


A Câmara dos Deputados, por meio da Procuradoria da Mulher, reconhece que a Lei do Feminicídio foi crucial para inibir a prática, mas também reconhece que medidas precisam ser tomadas para diminuir o crime e conscientizar mais a sociedade. Somente por meio de esforços conjuntos e políticas públicas eficientes poderemos combater esse tipo de violência, garantindo o respeito, igualdade e dignidade de todas as mulheres em nossa sociedade. O apoio aos direitos das mulheres é fundamental para garantir o direito de viver sem violência.


Maria Rosas / Deputada Federal (SP)

Procuradora da Mulher na Câmara dos Deputados

Secretária estadual do movimento Mulheres Republicanas SP

Coordenadora Regional do Mulheres Republicanas na Região Sudeste


16 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comentários


bottom of page